Os blues da educação doméstica

Como podem saber, estou a fazer um Mestrado em Antropologia e a preparação e escrita dos trabalhos tem-me mantido afastada deste blog. Agora com os trabalhos a meio já tenho muitas coisas para partilhar convosco. Antes no entanto de passar a coisas mais sérias quero partilhar convosco esta canção de um cómico americano. Continue reading Os blues da educação doméstica

Educação na enciclopédia

Há coisas que já sabemos mas que precisamos de ver escritas preto no branco para nos tornarmos conscientes delas. Há dois anos quando participei pela primeira vez no Teachers Academy em Brockwood entrei em contacto com a ideia de que a escola americana, e em geral a escola ocidental servia primariamente para passar a cultura vigente às gerações mais novas – por cultura entenda-se as fobias, medo do falhanço e os desejos, sucesso a todo o custo. Continue reading Educação na enciclopédia

Excelência Académica – parte II

Apesar do que já aqui escrevi a ideia por detrás de uma “excelência académica” e de uma maneira para a medir parece-me necessária quando se fala em educação. A questão é:

  1. o que é a “excelência académica” e,
  2. como se mede essa “excelência”.

Parece-me óbvio que para os políticos, em particular, para os politicadores (ou políticos da educação, mesmo quando disfarçados de educadores na política) a “excelência académica” são boas notas nos exames nacionais. A ideia é ridícula mas tem a força de ser infecciosa e tenho visto muitos bons educadores e muitos excelentes alunos (não estou a dizer alunos com altas notas mas excelentes pessoas que são alunos) acreditarem que as boas notas num teste nacional são o objectivo da educação a curto prazo – para as mesmas pessoas o objectivo a longo prazo é um bom emprego, um em que se ganha muito dinheiro.

Esta noção de “excelência académica”, que tem dado cabo de todos os sistemas educativos, alienando milhões de alunos pelo caminho vence por ser muito fácil de medir – toda ela é apenas uma medida comparativa, uma categorização dos alunos comparando o que é impossível de comparar.

Outra noção que tenho visto, mais difícil de medir, é o saber e a cultura dos alunos no fim de um percurso académico. Além de difícil de medir esta noção fica também aquém na sua utilidade. Quem diz e decide o que é que cada um precisa de saber? Um médico que me consegue curar com um minímo de sacríficio mas que acha que Corto Maltese é um país da Europa de Leste é um mau médico? Não atingiu “excelência académica”? Um matemático inovador que acha que Matisse é uma bebida francesa teve uma pobre educação?

Não me vou alongar mais deixo aqui uma sugestão para excelência académica num estabelecimento de aprendizagem: um estabelecimento de aprendizagem atinge a excelência académica quando os seus alunos gostam de aprender lá e escolhem todos os dias passar aí a maior parte do seu tempo, quando os professores e todo o pessoal de apoio gostam de aí trabalhar, gostam do seu trabalho que é parte deles e não apenas um meio de ganhar a vida. Esta noção é útil e creio fácil de medir.

Quantas escolas neste ponto de vista conheces que são excelentes?