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E tu o que é que vais fazer a seguir?

English: Footpath, Brockwood Park The footpath...
Image via Wikipedia

Há dois anos que visito Brockwood, uma das escolas fundadas por Krishnamurti. Este ano participei na Teaching Academy onde ao longo de uma semana somos convidados a reinventar a escola. O espaço é propício à reflexão e o Verão inglês não é nem quente nem demasiado frio. Nesse cenário é fácil meditar sobre questões como: Precisa um professor de saber a sua matéria antes de a ensinar? O que os alunos estão a aprender é aquilo que os professores julgam que estão a ensinar? Conseguimos observar o aluno sem juízo? Porque é que numa sala de aula fazemos preguntas para as quais já sabemos as respostas? É mesmo preciso ter muito dinheiro para se conseguir ter uma escola? Como é que se mede o sucesso da educação?

Contou-me um dos professores da escola que conheceu pessoalmente o Krishnamurti, que a certa altura, quando a escola se preparava para receber os alunos para um novo ano lectivo Krishnamurti perguntou: “Como iriam eles receber os alunos nesse ano?”. A cada resposta que os professores e pessoal davam K objectava e mostrava como essa resposta não era satisfatória. Ao fim de quatro horas de respostas sempre insatisfatórias, os professores e o pessoal renderam-se e disseram “Não sabemos, nós não sabemos como vamos receber os alunos!” A face de K iluminou-se e disse “É isso! É assim que vocês vão receber os alunos!”

Sei de muita gente que sai daquela semana de Brockwood sem saber o que vai fazer a seguir, mas com a confiança de que aquilo que fizerem com os seus alunos, seja em que parte do mundo estiverem será a melhor coisa possível na circunstância e na altura em que a fizerem.

Quando tudo o resto falha…

Com mais de um ano de educação doméstica e cerca de 3 meses a braços com o “1º ciclo” gostava de partilhar algumas ideias sobre a escolha de permitir às crianças aprenderem em casa. Não tenho razões de vida para tal escolha. Não sou nómada, não me ando a esconder, sou uma cidadã como todos, com morada, impostos e tudo o mais. Todas as razões prendem-se com a educação em si e com o crescimento da pessoa/criança.

A pergunta que mais me fazem é se não estou a privar a criança em desenvolvimento do contacto dos seus pares. De facto em muitas sociedades humanas e em muitos grupos animais os juvenis são educados em grupo e aprendem em conjunto. Se viram os filmes do Sugata Mitra verão que há razões para acreditar que as crianças em conjunto aprendem umas com as outras sem necessidade de intervenção adulta.
A razão principal para optar para o ensino em casa é o falhanço da ESCOLA em questões que tenho por básicas, a ver, o respeito por si e pelo outro, a cooperação (em vez da competição), o respeito pelo ritmo de cada um, a criação do indivíduo na comunidade, o gosto de estar na escola.
Se estou hoje a fazer um Mestrado em Antropologia é porque acredito na ESCOLA, no que ela pode ser. No meu mundo ideal nenhum pai/mãe escolheria ter as crianças em casa porque todas elas exigiriam estar na Escola, com os seus pares, a aprender ao seu ritmo, a aprender a aprender e acima de tudo a gostar de aprender.
Maria Miguens

Os fazedores da escola moderna

A propósito da história da educação americana, John Taylor Gatto* faz uma brilhante resenha histórica para compreendermos como o capitalismo nos tem conduzido à escola como ela é hoje, e à perda de valores que nos colocam num total vazio humano.

Ver em American Education History Tour

*John Taylor Gatto foi considerado o professor do ano em 1991 no estado de Nova Iorque, tendo obtido três nomeações para professor do ano.