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Excelência Académica – parte II

Apesar do que já aqui escrevi a ideia por detrás de uma “excelência académica” e de uma maneira para a medir parece-me necessária quando se fala em educação. A questão é:

  1. o que é a “excelência académica” e,
  2. como se mede essa “excelência”.

Parece-me óbvio que para os políticos, em particular, para os politicadores (ou políticos da educação, mesmo quando disfarçados de educadores na política) a “excelência académica” são boas notas nos exames nacionais. A ideia é ridícula mas tem a força de ser infecciosa e tenho visto muitos bons educadores e muitos excelentes alunos (não estou a dizer alunos com altas notas mas excelentes pessoas que são alunos) acreditarem que as boas notas num teste nacional são o objectivo da educação a curto prazo – para as mesmas pessoas o objectivo a longo prazo é um bom emprego, um em que se ganha muito dinheiro.

Esta noção de “excelência académica”, que tem dado cabo de todos os sistemas educativos, alienando milhões de alunos pelo caminho vence por ser muito fácil de medir – toda ela é apenas uma medida comparativa, uma categorização dos alunos comparando o que é impossível de comparar.

Outra noção que tenho visto, mais difícil de medir, é o saber e a cultura dos alunos no fim de um percurso académico. Além de difícil de medir esta noção fica também aquém na sua utilidade. Quem diz e decide o que é que cada um precisa de saber? Um médico que me consegue curar com um minímo de sacríficio mas que acha que Corto Maltese é um país da Europa de Leste é um mau médico? Não atingiu “excelência académica”? Um matemático inovador que acha que Matisse é uma bebida francesa teve uma pobre educação?

Não me vou alongar mais deixo aqui uma sugestão para excelência académica num estabelecimento de aprendizagem: um estabelecimento de aprendizagem atinge a excelência académica quando os seus alunos gostam de aprender lá e escolhem todos os dias passar aí a maior parte do seu tempo, quando os professores e todo o pessoal de apoio gostam de aí trabalhar, gostam do seu trabalho que é parte deles e não apenas um meio de ganhar a vida. Esta noção é útil e creio fácil de medir.

Quantas escolas neste ponto de vista conheces que são excelentes?

Que medida para a “excelência académica”?

Em todo o mundo medem-se os estudantes, os alunos e as escolas por uma coisa chamada   “excelência académica”. Olhando o mundo à nossa volta parece-me claro que a busca da “excelência académica” tem servido apenas para arranjar melhores maneiras de matar, de consumir os recursos naturais, de enganar milhões de cada vez e conduzir o mundo a uma crise sem iguais e outras prendas deste género. É para isto que serve a educação? É para isto que todos nos esforçamos?

Tendo em conta que uma medida de “excelência académica” é necessária, então o que é que falta às nossas escolas? O que é que falta aos nossos professores?

E mesmo para educar na “excelência académica” precisa o professor, educador ou pedagogo ser “excelente” na matéria que está a ser leccionada? Precisa de saber o que quer que seja sobre a matéria que as crianças escolhem aprender?