Tag Archives: filhos

Resiliência

Let me not pray to be sheltered from dangers but to be fearless in facing them. Let me not beg for the stilling of my pain, but for the heart to conquer it. – Rabindranath Tagore

plant-growing-through-pavement-300x199Observo dia a dia a mentira construída dentro de cada jovem acerca do mundo que o rodeia. Observo a apatia, a incapacidade de questionar, o medo de pensar, a inércia de agir e o abandono ao descubrir. Dia após dia, surpreendo-me com a dimensão de abandono a que chegámos, surpreendo-me com a dimensão do esquecimento. Mas também é verdade que o meu coração se enche de uma enorme alegria quando um pai ou mãe me comunica que apesar de à muito tempo ter perdido a esperança no seu filho/a, vê a mudança, vê a transformação da lagarta em borboleta.

Sim, todos temos a oportunidade nesta existência de nos transformarmos em borboletas. Não há filhos que não o possam fazer. É claro que cada um escolhe o seu caminho, e o caminho escolhido pode não ser o melhor, mas desde que exista a possibilidade de saber a onde cada caminho leva, então o trabalho de cada pai/mãe vai-se cumprindo. E todos nos transformamos!

O meu trabalho é de observar e escutar as portas a abrir que permitam encontrar a medicina certa para cada um. Pode demorar horas, dias, semanas, meses… não importa o tempo!!!

“Every home is a university…”

“Every home is a university and the parents are the teachers.”

passarodeasasabertasMahatma Ghandi

Acredito que a escola começa em casa e que os pais são os grandes guias de todo um processo de aprendizagem que fecha o seu ciclo com a escola. Acredito que educar é ter a capacidade primeiro de nos colocarmos em questão, depois a de aprendermos em humildade a compreender que provavelmente nada sabemos.  Os pais são exemplos que os filhos vão seguir, quer seja pela aceitação de quem são, quer seja pela negação de quem são.

Para mim, ser mãe trouxe-me primeiro uma consciência de poder não estar preparada, embora desconhecesse o que seria estar preparada. Depois a dúvida se os outros teriam razão acerca de como se deve educar, o que está certo ou errado e finalmente o medo de poder estar a fazer escolhas por um novo ser que não fossem as melhores, as perfeitas. Tantas perguntas levaram-me à minha decisão final, “vou escutar o meu coração e confiar que me vai guiar”. Estou muito grata pela inspiração que me levou a essa decisão.

Descobri que na interacção com o meu filho, eu também estava a aprender, não apenas acerca do mundo desconhecido de uma criança que surge, mas acima de tudo, acerca de mim mesma. Se permitirmos que a aprendizagem aconteça em nós, se confiarmos que não somos ser individuais, mas seres que pertencem a um todo onde a guia está sempre presente, se aprendermos a escutar, e o mais importante, se aprendermos a amar, a rosa que se abre à nossa frente é maravilhosa.

Desde a minha experiência, sim, a casa é a universidade, onde as primeiras pessoas convidadas a mudar são os pais, porque uma criança é um espelho que nos reflecte, nos questiona, nos obriga a outros olhares. Vamos errar muitas vezes e para mim foi importante admitir os erros, rectificar e caminhar.

Se não gostamos de uma criança agressiva, então observemos a nossa agressividade,

Se não gostamos de uma criança que mente, então observemos onde mentimos,

Se não queremos uma criança viciada em computador, então observemos os nossos hábitos,

Se  não queremos uma criança insegura, então procuremos as nossas inseguranças,…

E se estivermos atentos, se conseguirmos compreender que ser pais é antes de mais uma aprendizagem profunda, como pais e como filhos que também somos, então a compreensão do nosso papel torna-se claro, belo e uma tarefa sem fim, de instante em instante, para connosco e para com os nossos filhos.