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Quando tudo o resto falha…

Com mais de um ano de educação doméstica e cerca de 3 meses a braços com o “1º ciclo” gostava de partilhar algumas ideias sobre a escolha de permitir às crianças aprenderem em casa. Não tenho razões de vida para tal escolha. Não sou nómada, não me ando a esconder, sou uma cidadã como todos, com morada, impostos e tudo o mais. Todas as razões prendem-se com a educação em si e com o crescimento da pessoa/criança.

A pergunta que mais me fazem é se não estou a privar a criança em desenvolvimento do contacto dos seus pares. De facto em muitas sociedades humanas e em muitos grupos animais os juvenis são educados em grupo e aprendem em conjunto. Se viram os filmes do Sugata Mitra verão que há razões para acreditar que as crianças em conjunto aprendem umas com as outras sem necessidade de intervenção adulta.
A razão principal para optar para o ensino em casa é o falhanço da ESCOLA em questões que tenho por básicas, a ver, o respeito por si e pelo outro, a cooperação (em vez da competição), o respeito pelo ritmo de cada um, a criação do indivíduo na comunidade, o gosto de estar na escola.
Se estou hoje a fazer um Mestrado em Antropologia é porque acredito na ESCOLA, no que ela pode ser. No meu mundo ideal nenhum pai/mãe escolheria ter as crianças em casa porque todas elas exigiriam estar na Escola, com os seus pares, a aprender ao seu ritmo, a aprender a aprender e acima de tudo a gostar de aprender.
Maria Miguens

O espaço como terceiro elemento facilitador da aprendizagem

O espaço como meio de aprendizagem tem sido a meu ver muito negligenciado ou mal avaliado quando nos referimos a uma escola. Nas chamadas escolas modernas substituímos as árvores, a terra, as pedras por recreios pré-fabricados onde a noção de brincar, de criar está mais uma vez condicionada aos objectivos políticos, sociais e económicos. A sala de aula é um espaço de tensão, onde se espera corresponder às expectativas daquele considerado hierarquicamente superior, o professor. Olha-se para o professor para tentar responder às suas expectativas, avaliam-se olhares, franzir de sobrancelhas, sorrisos,….e com tudo isto aprende-se a “querer ser aceite pelo que os outros esperam de nós e não pelo que somos”. Reggio Emilia, desenvolveu após a Segunda Guerra Mundial um trabalho acerca da importância do espaço físico da escola defendendo: “As crianças devem ter algum controlo sobre a direcção da sua aprendizagem. As crianças devem estar aptas a aprender através de experiências de tocar, movimentar, escutar, ver e ouvir. As crianças relacionam-se com outras crianças e com objectos no mundo que lhes deve ser permitido explorar. As crianças devem ter infinitas formas e oportunidades de se expressarem.” Emilia, Reggio

Ver  website

Os fazedores da escola moderna

A propósito da história da educação americana, John Taylor Gatto* faz uma brilhante resenha histórica para compreendermos como o capitalismo nos tem conduzido à escola como ela é hoje, e à perda de valores que nos colocam num total vazio humano.

Ver em American Education History Tour

*John Taylor Gatto foi considerado o professor do ano em 1991 no estado de Nova Iorque, tendo obtido três nomeações para professor do ano.

Or is education something different?

“Have you ever asked why you want to be educated? what is the point to be educated? What is the point to pass examinations and get degrees? Is it to get married? Get a job and settle down on life as millions and millions of people do? Is that what you are going to do? Is that the meaning of education? To be sucked in the vast stream that has been flowing for thousands of years. Is that education? Or is education something totally diferent? ” – J. Krishnamurti

Tenho visitado diversas escolas, com métodos distintos, com espaços distintos, com classes sociais distintas, em países distintos, em continentes distintos. Não há sistemas perfeitos, mas há escolas diferentes do sistema em que aprendi, com novas oportunidades, com arquitecturas diferentes, com responsabilidades diferentes. Krishnamurti mostrou-me que a escola pode ser em qualquer lugar, que se amamos realmente os nossos filhos a escola pode ser ao virar de uma esquina, porque ela depende não de um local mas de toda a entrega do seu orientador. Que as crianças já têm dentro de si o conhecimento, o/a professor(a) é apenas alguém que abre portas, que direcciona, que no seu processo de ensinamento ele(a) é também um(a) aluno(a) de cada criança.
Convido-vos a ver uma sinopse de um filme designado “School Without Walls” (ver filme), de onde foi retirada a introdução a esta entrada no blog.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Xlohao7t5cg]